domingo, 8 de março de 2015

Jornal O Sudeste Goiano, de março de 2015.



Artigo | advogado Guilherme Castelo Branco
 
Não participo de jogos de cartas marcadas

Castelo Branco é advogado, escritor
suplente de vereador e Presidente do Partido Verde (43)

Tem gente que acha que os outros são todos bobos.

Na história política republicana, invariavelmente, há os que se acham os "donos da razão" e tentam impor uma situação de agrupamento político que, dizem, "vai ganhar a eleição".

E a premissa já começa falsa, porque o intuito primevo dessas pessoas não é fazer o bem para o próximo, nem fazer saneamento e esgotamento sanitário, asfalto, melhorar a saúde, a educação e a segurança; não: o negócio deles é ganhar a eleição. Uma coisa meio revanchista, feita com o fígado e não com a razão, o que é um erro em política.

Aliás, um grupo político errar uma vez, faz parte. Mas errar duas vezes, é burrice.

Não participo de jogos de cartas marcadas. Não tenho tempo a perder e nem faz parte da minha personalidade ficar fingindo que está tudo bem, quando não está.

O "jogo de cartas marcadas", como todos sabem, é o jogo onde o final já está decidido previamente.

Nas eleições de 2012, as "oposições" em Cristalina cometeram um erro primário. Escolheram um candidato que sabidamente não tinha o perfil para ganhar as eleições, mas "tinha dinheiro" para "bancar" as candidaturas. Isso mesmo, uma coisa horrível. Gastaram uma fortuna e perderam as eleições; óbvio.

Lembro-me que desde fins de 2011 eles faziam as "reuniões das oposições" e havia, ali, supostos quatro candidatos do grupo: Edu Martini (PTB), Marquinho Abrão (PPS), Eliane Leonel (PDT) e Vitor Simão (PSB). Li isso em jornais da época, porque não participei de nenhuma dessas reuniões.

Lá, os "grupos" debatiam e fingiam que o "melhor colocado nas pesquisas" seria o candidato a prefeito, com o apoio dos outros. Cômico. Claro que o candidato já estava escolhido e era Edu, e seria apenas uma questão de tempo para esgotar as forças dos outros "candidatos" que, desmobilizados, seriam arrastados até a data das convenções e não teriam mais tempo para organizar uma candidatura viável ou, ao menos, participativa.

Não participei daquele agrupamento político inicial porque desde 2011 já via, nele, um jogo de cartas marcadas. E agora a história se repete.

Daqui há pouco chegaremos a meados de 2015 e as movimentações de bastidores para os "ajuntamentos" políticos já são intensas.

A nossa cidade de Cristalina está um caos. Buracos por todos os lados, esgoto a céu aberto, hospital ineficiente, transporte escolar indecente, servidores desprestigiados, praças abandonadas e obras inacabadas. O cenário ideal para uma reviravolta.

Mas o prefeito vai fazer de Cristalina, a partir da metade do segundo semestre de 2015, um verdadeiro "canteiro de obras". Vai passar "um batom" em tudo, dar uma arrumada nas praças, terminar a UPA e a Academia da Vila São João, tapar uns buracos, asfaltar umas ruas, mobilizar as "lideranças" e fará tudo isso para tentar eleger o seu sucessor; e terá grandes chances, porque a impressão que vai passar à população é a de que o governo do povo trabalha incessantemente no ano do centenário de Cristalina.

Outro jogo político de cartas marcadas.

Quem não se lembra em 2012 dos caminhões e patrolas da prefeitura nas ruas da Vila Andrade, colocando meio fios e "uns asfaltos" aqui e ali? E todo mundo votou nele. E agora? Como está a Vila Andrade?

É por isso que romanticamente insisto: precisamos votar com consciência social, discernindo o que é melhor para o município, mas sobretudo votar com o coração, com a sensibilidade e o senso de justiça para enxergar o sofrimento dos mais pobres e que mais precisam dos serviços públicos.

E os jovens cristalinenses precisam "abrir seus olhos" e participar, não apenas das eleições, mas também da organização de grupos e do debate sobre o futuro que queremos para Cristalina.

É inegável que depois de mensalão e petrolão, de uma forma geral, toda a sociedade partilhe de certa descrença na ação política.

Nesse contexto histórico em que muitas pessoas estão desanimadas com a política, é evidente que muitos jovens também vão partilhar desse sentimento. Mas se ampliarmos esta noção de política para a ideia de participação pública e coletiva, podem crer que muitos jovens participarão e poderemos fazer um processo eleitoral e político mais saudável e criativo em 2016.

Cristalina pode mostrar que é possível fazer diferente e não participar de jogos de cartas marcadas!!!

O Sudeste Goiano de 8 de março de 2015


O Sudeste Goiano de 8 de março de 2015