Artigo | advogado
Guilherme Castelo Branco
Não
participo de jogos de cartas marcadas
Castelo Branco é
advogado, escritor
suplente
de vereador e Presidente do Partido Verde (43) |
Tem
gente que acha que os outros são todos bobos.
Na
história política republicana, invariavelmente, há os que se acham os
"donos da razão" e tentam impor uma situação de agrupamento político
que, dizem, "vai ganhar a eleição".
E
a premissa já começa falsa, porque o intuito primevo dessas pessoas não é fazer
o bem para o próximo, nem fazer saneamento e esgotamento sanitário, asfalto, melhorar
a saúde, a educação e a segurança; não: o negócio deles é ganhar a eleição. Uma
coisa meio revanchista, feita com o fígado e não com a razão, o que é um erro
em política.
Aliás,
um grupo político errar uma vez, faz parte. Mas errar duas vezes, é burrice.
Não
participo de jogos de cartas marcadas. Não tenho tempo a perder e nem faz parte
da minha personalidade ficar fingindo que está tudo bem, quando não está.
O
"jogo de cartas marcadas", como todos sabem, é o jogo onde o final já
está decidido previamente.
Nas
eleições de 2012, as "oposições" em Cristalina cometeram um erro
primário. Escolheram um candidato que sabidamente não tinha o perfil para
ganhar as eleições, mas "tinha dinheiro" para "bancar" as
candidaturas. Isso mesmo, uma coisa horrível. Gastaram uma fortuna e perderam
as eleições; óbvio.
Lembro-me
que desde fins de 2011 eles faziam as "reuniões
das oposições" e havia, ali, supostos quatro candidatos do grupo: Edu
Martini (PTB), Marquinho Abrão (PPS), Eliane Leonel (PDT) e Vitor Simão (PSB). Li
isso em jornais da época, porque não participei de nenhuma dessas reuniões.
Lá,
os "grupos" debatiam e fingiam que o "melhor colocado nas
pesquisas" seria o candidato a prefeito, com o apoio dos outros. Cômico.
Claro que o candidato já estava escolhido e era Edu, e seria apenas uma questão
de tempo para esgotar as forças dos outros "candidatos" que,
desmobilizados, seriam arrastados até a data das convenções e não teriam mais
tempo para organizar uma candidatura viável ou, ao menos, participativa.
Não
participei daquele agrupamento político inicial porque desde 2011 já via, nele,
um jogo de cartas marcadas. E agora a história se repete.
Daqui
há pouco chegaremos a meados de 2015 e as movimentações de bastidores para os
"ajuntamentos" políticos já são intensas.
A
nossa cidade de Cristalina está um caos. Buracos por todos os lados, esgoto a
céu aberto, hospital ineficiente, transporte escolar indecente, servidores
desprestigiados, praças abandonadas e obras inacabadas. O cenário ideal para
uma reviravolta.
Mas
o prefeito vai fazer de Cristalina, a partir da metade do segundo semestre de
2015, um verdadeiro "canteiro de obras". Vai passar "um
batom" em tudo, dar uma arrumada nas praças, terminar a UPA e a Academia
da Vila São João, tapar uns buracos, asfaltar umas ruas, mobilizar as
"lideranças" e fará tudo isso para tentar eleger o seu sucessor; e
terá grandes chances, porque a impressão que vai passar à população é a de que
o governo do povo trabalha incessantemente no ano do centenário de Cristalina.
Outro
jogo político de cartas marcadas.
Quem
não se lembra em 2012 dos caminhões e patrolas da prefeitura nas ruas da Vila
Andrade, colocando meio fios e "uns asfaltos" aqui e ali? E todo
mundo votou nele. E agora? Como está a Vila Andrade?
É
por isso que romanticamente insisto: precisamos votar com consciência social,
discernindo o que é melhor para o município, mas sobretudo votar com o coração,
com a sensibilidade e o senso de justiça para enxergar o sofrimento dos mais
pobres e que mais precisam dos serviços públicos.
E
os jovens cristalinenses precisam "abrir seus olhos" e participar,
não apenas das eleições, mas também da organização de grupos e do debate sobre
o futuro que queremos para Cristalina.
É
inegável que depois de mensalão e petrolão, de uma forma geral, toda a
sociedade partilhe de certa descrença na ação política.
Nesse
contexto histórico em que muitas pessoas estão desanimadas com a política, é
evidente que muitos jovens também vão partilhar desse sentimento. Mas se
ampliarmos esta noção de política para a ideia de participação pública e
coletiva, podem crer que muitos jovens participarão e poderemos fazer um
processo eleitoral e político mais saudável e criativo em 2016.
Cristalina
pode mostrar que é possível fazer diferente e não participar de jogos de cartas
marcadas!!!