segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Nossas Águas!





Nossas Águas!


Guilherme Castelo Branco é advogado
Suplente de vereador e Presidente do Partido Verde (43)



Ouvimos diariamente, em nossa amada Cristalina, reclamações acerca da falta de abastecimento d'água potável para o consumo da população.

De acordo com o levantamento elaborado a partir dos dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) do Ministério da Saúde, cujos dados são gerados a partir do trabalho das equipes de Saúde da Família e Agentes Comunitários de Saúde, que fazem o cadastramento das famílias e identificam a situação de saneamento e moradia, no ano de 2013 Cristalina possuía 67,1% dos domicílios com rede de abastecimento de água.

Além da óbvia incapacidade de armazenamento e distribuição de água pela Saneago e da também óbvia incapacidade do prefeito em tentar resolver essas questões, temos um assunto da maior importância a ser tratado com responsabilidade pelos próximos anos, que é, justamente, o planejamento e execução de políticas públicas para a proteção dos nossos mananciais e recursos hídricos em solos cristalinenses.

Nosso município possui registros de 256 rios, riachos, ribeirões, veredas e nascentes. Vários ribeirões e córregos nascem na cidade e correm para a periferia do município. Esse potencial hídrico é fundamental ao desenvolvimento da agricultura irrigada, segmento que tem contribuído decisivamente para o impulso econômico do município, e dentre os principais rios e Cachoeiras estão o Rio São Marcos; o Rio São Bartolomeu; a Cachoeira do Arrojado; a Cachoeira dos Borelas e o Balneário das Lajes.

A água é um recurso natural insubstituível para a manutenção da vida saudável e bem estar do homem, além de garantir auto suficiência econômica da propriedade rural. Nas últimas décadas, o desmatamento de encostas e das matas ciliares, além do uso inadequado dos solos, vêm contribuindo para a diminuição da quantidade e qualidade da água em todo o Brasil e o que vemos, ao se somarem a estes fatos a longa estiagem, como a deste ano de 2014, é a estagnação da capacidade de armazenamento e distribuição de água.

Para a recuperação e preservação das nascentes e mananciais em propriedades rurais, podem-se adotar algumas medidas de proteção do solo e da vegetação que englobam desde a eliminação das práticas de queimadas até o enriquecimento das matas nativas.

O uso excessivo e descontrolado de defensivos agrícolas nas lavouras são grandes agentes de contaminação do solo e da água, principalmente do lençol freático. Por isso seu uso deve ser controlado e feito sob a orientação de um técnico responsável. Também é necessária a construção de locais apropriados para o descarte das embalagens, que jamais devem ser jogadas em rios e córregos ou junto ao lixo comum da fazenda.

A construção de cercas, fechando as áreas de nascentes, num raio de 30 a 50 metros a partir do olho d’água: evita a entrada dos animais e, por conseguinte, o pisoteio e compactação do solo. Necessária ainda a manutenção do asseio, ou seja, a limpeza em volta da cerca para evitar que o fogo, em caso de incêndio, atinja a área de nascente.

Somando-se a isso é fundamental o enriquecimento da vegetação em torno das nascentes, que funciona como uma barreira viva na contenção da água proveniente das enxurradas, devendo-se priorizar espécies nativas da região, facilitando assim a renovação natural da área plantada.

Além disso devem ser construídas fossas assépticas nas residências rurais, evitando o lançamento de esgotos nas águas da propriedade e a construção de fossas para os rejeitos animais, principalmente no caso de criação de suínos e construção de cochos para abastecimento de água para o gado ao longo da propriedade, evitando o trânsito de animais junto às nascentes e córregos.

São medidas simples e que ajudarão, em muito, na preservação dos nossos mananciais e garantirão que no futuro, com planejamento e políticas públicas municipais efetivas na área de meio ambiente, consigamos mapear, catalogar e cuidar de todas as nossas nascentes e cursos d'água.