Artigo | advogado Guilherme Castelo Branco
Castelo Branco é
advogado
suplente
de vereador e Presidente do Partido Verde (43) |
"...Cristalina, Cidade que nos seduz,
De
dia falta água, De noite falta luz..."
No carnaval de idos
de 1954, no Rio de Janeiro, diversas "marchinhas" se notabilizaram ao
denunciarem problemas do dia a dia da cidade. Até hoje está no senso comum
refrãos marcantes como o de "Vagalume",
de Vitor Simon e Fernando Martins, que dizia assim: "...Rio de Janeiro, Cidade que nos seduz, De dia falta água, De
noite falta luz..."!
Demais a
criatividade popular! E a marcha seguia: "...Abro
o chuveiro, Oi, Não cai um pingo, Desde segunda, Até domingo. Eu vou pro mato,
Oi, pro mato eu vou, Vou buscar um vagalume, Pra dar luz ao meu chatô..."!
Nada mais atual do
que o dia a dia em nossa Cristalina. Falta água o dia inteiro e a luz é
instável e insuficiente para as demandas do município.
Mas o fato concreto
é o de que o problema é estrutural e vem de décadas de descaso dos
administradores públicos com nossa cidade. Em verdade, nunca houve, na história
de Cristalina, uma gestão política com técnica competente o suficiente para
buscar alternativas e ter uma visão de futuro e planejamento estratégico de
desenvolvimento urbano e social do município. Este é o fato.
"...Para cobrar e processar a população por
falta de pagamento de contas de água, a Saneago é rápida; mas para colocar água
nas torneiras, não é..."
Nunca houve, na
história de Cristalina, uma ação política dos gestores municipais, efetiva e
concreta, que visasse evoluir e estruturar os serviços de abastecimento de água
e esgotamento sanitário, que têm por objetivo geral assegurar o consumo dos
cristalinenses, seu bem estar, garantir os benefícios da salubridade ambiental
à totalidade da população e na defesa da saúde pública.
Cristalina até hoje
opera com uma subestação de captação d'água projetada para atender uma demanda
de 20 mil habitantes, e já conta com mais de 50 mil habitantes. O fato é o de
que há a mais absoluta falta de planejamento da concessionária para lidar com a
questão. Para cobrar e processar a população por falta de pagamento de contas
de água a Saneago é rápida; mas para colocar água nas torneiras, não é.
Nunca houve, na
história de Cristalina, uma ação política dos gestores municipais, efetiva e
concreta, que visasse evoluir e estruturar os serviços de fornecimento de
energia elétrica na cidade, com aumento da capacidade de recebimento e
distribuição de energia de modo continuado.
Além da perturbação
que causa à população, que a toda a hora fica sem luz e energia em suas casas -- e nos picos de luz se queimam aparelhos e
eletrodomésticos -- ainda há o prejuízo do comércio, que perde mercadorias
pela falta de resfriamento.
Isso sem falar,
obviamente, nos prejuízos dos produtores rurais de Cristalina, que enfrentam
problemas com as oscilações no fornecimento de energia elétrica e lavouras inteiras
já foram perdidas, aumentando o custo final da produção, além de em alguns
casos, dependendo da incidência de picos de energia, chegar a dar até 50% de
multa no valor do consumo de energia do agricultor, que não pode ficar pagando
multa por uma coisa que não tem controle. Só em Cristalina temos uma demanda
reprimida de plantio de aproximadamente 20 mil hectares, que não são cultivados
porque não tem energia, além dos produtores que usam equipamentos de ordenha de
leite mecanizada, que necessitam de energia elétrica.
"...Daí você pergunta: o que o prefeito e os vereadores
fazem por nós? A resposta é simples: Nada. Só dizem que isso é problema da
Saneago e da Celg, e fica tudo por isso mesmo. Este é o fato, o resto é blá blá
blá e nhém nhém nhém..."
Enfim, é lamentável.
Daí você pergunta: o que o prefeito e os vereadores fazem por nós? A resposta é
simples: Nada. Só dizem que isso é problema da Saneago e da Celg, e fica tudo
por isso mesmo. Este é o fato, o resto é blá
blá blá e nhém nhém nhém!
Assim, o fato
concreto, repita-se, é o de que nunca, na história de Cristalina, um único
gestor público municipal fez ou teve um planejamento estratégico de gestão da
coisa pública.
O planejamento
estratégico é uma ferramenta de gestão que possibilita desencadear mecanismos
de participação em diversos níveis de decisão e direcionam, com racionalidade,
a aplicação dos recursos disponíveis, visando atingir determinados objetivos,
metas e ações a curto, médio e longo prazo, por meio das pessoas. É isto que
permite estabelecer uma rota comum para superar com conhecimento do cenário das
dificuldades e das potencialidades do ambiente.
Nas eleições para
prefeito em 2012, nenhum dos candidatos da época tinham propostas pautadas em
um planejamento estratégico de gestão pública do nosso município feito de forma
séria, estruturada, estudada, planejada e que, de fato, visse o desenvolvimento
estrutural, econômico e social da nossa cidade, as suas demandas e necessidades
e as possibilidades de políticas públicas efetivas de obras, investimentos e um
caráter humanista de governo. A mais absoluta falta de projetos, planejamento e
gestores competentes.
...Nas eleições para prefeito em 2012, nenhum dos
candidatos da época tinham
propostas pautadas em um planejamento estratégico de gestão pública...
E se tivessem
projetos reais, possivelmente ninguém ia ler mesmo, porque infelizmente, ainda
hoje, se vota por compadrio, por emprego e por ter "ganho" um
dinheiro como cabo eleitoral ou alugando um carro de som. Este o fato. Falta em
Cristalina uma política séria, falta um grupo que não defenda um único nicho,
um segmento, e muito menos que mantenha os votos no "cabresto" por
troca de emprego e promessas.