domingo, 28 de setembro de 2014

De dia falta água, de noite falta luz (e água também)...


Artigo | advogado Guilherme Castelo Branco


Castelo Branco é advogado
suplente de vereador e Presidente do Partido Verde (43)

"...Cristalina, Cidade que nos seduz,
De dia falta água, De noite falta luz..."


No carnaval de idos de 1954, no Rio de Janeiro, diversas "marchinhas" se notabilizaram ao denunciarem problemas do dia a dia da cidade. Até hoje está no senso comum refrãos marcantes como o de "Vagalume", de Vitor Simon e Fernando Martins, que dizia assim: "...Rio de Janeiro, Cidade que nos seduz, De dia falta água, De noite falta luz..."!


Demais a criatividade popular! E a marcha seguia: "...Abro o chuveiro, Oi, Não cai um pingo, Desde segunda, Até domingo. Eu vou pro mato, Oi, pro mato eu vou, Vou buscar um vagalume, Pra dar luz ao meu chatô..."!

Nada mais atual do que o dia a dia em nossa Cristalina. Falta água o dia inteiro e a luz é instável e insuficiente para as demandas do município.

Mas o fato concreto é o de que o problema é estrutural e vem de décadas de descaso dos administradores públicos com nossa cidade. Em verdade, nunca houve, na história de Cristalina, uma gestão política com técnica competente o suficiente para buscar alternativas e ter uma visão de futuro e planejamento estratégico de desenvolvimento urbano e social do município. Este é o fato.

"...Para cobrar e processar a população por falta de pagamento de contas de água, a Saneago é rápida; mas para colocar água nas torneiras, não é..."

Nunca houve, na história de Cristalina, uma ação política dos gestores municipais, efetiva e concreta, que visasse evoluir e estruturar os serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário, que têm por objetivo geral assegurar o consumo dos cristalinenses, seu bem estar, garantir os benefícios da salubridade ambiental à totalidade da população e na defesa da saúde pública.

Cristalina até hoje opera com uma subestação de captação d'água projetada para atender uma demanda de 20 mil habitantes, e já conta com mais de 50 mil habitantes. O fato é o de que há a mais absoluta falta de planejamento da concessionária para lidar com a questão. Para cobrar e processar a população por falta de pagamento de contas de água a Saneago é rápida; mas para colocar água nas torneiras, não é.

Nunca houve, na história de Cristalina, uma ação política dos gestores municipais, efetiva e concreta, que visasse evoluir e estruturar os serviços de fornecimento de energia elétrica na cidade, com aumento da capacidade de recebimento e distribuição de energia de modo continuado.

Além da perturbação que causa à população, que a toda a hora fica sem luz e energia em suas casas -- e nos picos de luz se queimam aparelhos e eletrodomésticos -- ainda há o prejuízo do comércio, que perde mercadorias pela falta de resfriamento.

Isso sem falar, obviamente, nos prejuízos dos produtores rurais de Cristalina, que enfrentam problemas com as oscilações no fornecimento de energia elétrica e lavouras inteiras já foram perdidas, aumentando o custo final da produção, além de em alguns casos, dependendo da incidência de picos de energia, chegar a dar até 50% de multa no valor do consumo de energia do agricultor, que não pode ficar pagando multa por uma coisa que não tem controle. Só em Cristalina temos uma demanda reprimida de plantio de aproximadamente 20 mil hectares, que não são cultivados porque não tem energia, além dos produtores que usam equipamentos de ordenha de leite mecanizada, que necessitam de energia elétrica.


"...Daí você pergunta: o que o prefeito e os vereadores fazem por nós? A resposta é simples: Nada. Só dizem que isso é problema da Saneago e da Celg, e fica tudo por isso mesmo. Este é o fato, o resto é blá blá blá e nhém nhém nhém..."


Enfim, é lamentável. Daí você pergunta: o que o prefeito e os vereadores fazem por nós? A resposta é simples: Nada. Só dizem que isso é problema da Saneago e da Celg, e fica tudo por isso mesmo. Este é o fato, o resto é blá blá blá e nhém nhém nhém!

Assim, o fato concreto, repita-se, é o de que nunca, na história de Cristalina, um único gestor público municipal fez ou teve um planejamento estratégico de gestão da coisa pública.

O planejamento estratégico é uma ferramenta de gestão que possibilita desencadear mecanismos de participação em diversos níveis de decisão e direcionam, com racionalidade, a aplicação dos recursos disponíveis, visando atingir determinados objetivos, metas e ações a curto, médio e longo prazo, por meio das pessoas. É isto que permite estabelecer uma rota comum para superar com conhecimento do cenário das dificuldades e das potencialidades do ambiente.

Nas eleições para prefeito em 2012, nenhum dos candidatos da época tinham propostas pautadas em um planejamento estratégico de gestão pública do nosso município feito de forma séria, estruturada, estudada, planejada e que, de fato, visse o desenvolvimento estrutural, econômico e social da nossa cidade, as suas demandas e necessidades e as possibilidades de políticas públicas efetivas de obras, investimentos e um caráter humanista de governo. A mais absoluta falta de projetos, planejamento e gestores competentes.

...Nas eleições para prefeito em 2012, nenhum dos candidatos da época tinham propostas pautadas em um planejamento estratégico de gestão pública...
 
E se tivessem projetos reais, possivelmente ninguém ia ler mesmo, porque infelizmente, ainda hoje, se vota por compadrio, por emprego e por ter "ganho" um dinheiro como cabo eleitoral ou alugando um carro de som. Este o fato. Falta em Cristalina uma política séria, falta um grupo que não defenda um único nicho, um segmento, e muito menos que mantenha os votos no "cabresto" por troca de emprego e promessas.

Essa situação toda da falta de água e luz é revoltante! E como diria a marchinha de samba: "...Cristalina, Cidade que nos seduz, De dia falta água, De noite falta luz..."!