Nossas Águas!
Guilherme Castelo
Branco é advogado
Suplente de vereador e
Presidente do Partido Verde (43)
Ouvimos diariamente, em nossa amada Cristalina,
reclamações acerca da falta de abastecimento d'água potável para o consumo da
população.
De acordo com o levantamento elaborado a partir dos
dados do Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB) do Ministério da Saúde,
cujos dados são gerados a partir do trabalho das equipes de Saúde da Família e
Agentes Comunitários de Saúde, que fazem o cadastramento das famílias e
identificam a situação de saneamento e moradia, no ano de 2013 Cristalina
possuía 67,1% dos domicílios com rede de abastecimento de água.
Além da óbvia incapacidade de armazenamento e distribuição
de água pela Saneago e da também óbvia incapacidade do prefeito em tentar
resolver essas questões, temos um assunto da maior importância a ser tratado
com responsabilidade pelos próximos anos, que é, justamente, o planejamento e
execução de políticas públicas para a proteção dos nossos mananciais e recursos
hídricos em solos cristalinenses.
Nosso município possui registros de 256 rios,
riachos, ribeirões, veredas e nascentes. Vários ribeirões e córregos nascem na
cidade e correm para a periferia do município. Esse potencial hídrico é
fundamental ao desenvolvimento da agricultura irrigada, segmento que tem
contribuído decisivamente para o impulso econômico do município, e dentre os
principais rios e Cachoeiras estão o Rio São Marcos; o Rio São Bartolomeu; a Cachoeira
do Arrojado; a Cachoeira dos Borelas e o Balneário das Lajes.
A água é um recurso natural insubstituível para a
manutenção da vida saudável e bem estar do homem, além de garantir auto suficiência
econômica da propriedade rural. Nas últimas décadas, o desmatamento de encostas
e das matas ciliares, além do uso inadequado dos solos, vêm contribuindo para a
diminuição da quantidade e qualidade da água em todo o Brasil e o que vemos, ao
se somarem a estes fatos a longa estiagem, como a deste ano de 2014, é a
estagnação da capacidade de armazenamento e distribuição de água.
Para a recuperação e preservação das nascentes e
mananciais em propriedades rurais, podem-se adotar algumas medidas de proteção
do solo e da vegetação que englobam desde a eliminação das práticas de
queimadas até o enriquecimento das matas nativas.
O uso excessivo e descontrolado de defensivos
agrícolas nas lavouras são grandes agentes de contaminação do solo e da água,
principalmente do lençol freático. Por isso seu uso deve ser controlado e feito
sob a orientação de um técnico responsável. Também é necessária a construção de
locais apropriados para o descarte das embalagens, que jamais devem ser jogadas
em rios e córregos ou junto ao lixo comum da fazenda.
A construção de cercas, fechando as áreas de
nascentes, num raio de 30 a 50 metros a partir do olho d’água: evita a entrada
dos animais e, por conseguinte, o pisoteio e compactação do solo. Necessária
ainda a manutenção do asseio, ou seja, a limpeza em volta da cerca para evitar
que o fogo, em caso de incêndio, atinja a área de nascente.
Somando-se a isso é fundamental o enriquecimento da
vegetação em torno das nascentes, que funciona como uma barreira viva na
contenção da água proveniente das enxurradas, devendo-se priorizar espécies
nativas da região, facilitando assim a renovação natural da área plantada.
Além disso devem ser construídas fossas assépticas
nas residências rurais, evitando o lançamento de esgotos nas águas da
propriedade e a construção de fossas para os rejeitos animais, principalmente
no caso de criação de suínos e construção de cochos para abastecimento de água
para o gado ao longo da propriedade, evitando o trânsito de animais junto às
nascentes e córregos.
São medidas simples e que ajudarão, em muito, na
preservação dos nossos mananciais e garantirão que no futuro, com planejamento
e políticas públicas municipais efetivas na área de meio ambiente, consigamos
mapear, catalogar e cuidar de todas as nossas nascentes e cursos d'água.